Os tempos vão correndo.
E o vento uivando.
Entre pedras e cearas.
E gentes de mil caras.
Que se fantasiam consoante a desgraça.
Que pelo mundo graça.
Cearas de cardos.
A encobrir venenosos dardos.
Cearas sem alimento.
Que a todos de valimento.
Neste mundo de infindos ratos.
Que, em políticos aparatos e contratos.
Dominam as produções.
A fantasiosas especulações.
Obrigando uns, a miserável subserviência.
E outros, lança em criminosa opulência.
Uns descalços, outros medalhados.
Mas todos, com a morte enredados.
Actores e espectadores.
Aguardam pelos mortuários corredores.
As lágrimas ou as palmas.
Que blasfemaram as suas almas.
Nas medalhas destes tempos e espaços.
Desfazem-se os humanos laços.
E na ferocidade dos ávidos falcões.
Incendeiam-se humanos vulcões.
Mas os mártires, já não se atiram aos leões.
Como já não se fazem campeões.
A morte, essa, continua a ser um espectáculo.
Onde impera o solene e o vernáculo.
Em escuras cores.
De Almas sem pudores.
Que desfeitas de qualquer humano sentimento.
Aplaudem o mortal acontecimento.
Em gargalhadas escondidas.
Por vidas traídas.
Actores de pé de barro.
De aplauso bizarro.
Em palcos de morte
A dividir a vivida sorte.
Entre flores de negras ilusões.
Mitigadas em fatídicas confusões.
Urubus sem penas.
A esgaçar em todas as cenas.
Carpideiros sem destino.
Nem humano tino.
Seres de alma e fatos acizentados.
Que nem pelas ribaltas são iluminados.
Mundo de minados.
E mal amados.
A fantasiar a realidade.
Para ocultarem a verdade.
Das actuais arenas.
De fétidas hienas.
Que em camufladas investidas.
Minam pelas sepulcrais desditas.
Dos pedintes ou dos condecorados.
Que, na mortal arena, foram integrados.
Com mais requinte ou menos requinte.
Virados para leste ou para oriente.
Com ou sem bandeira.
Cruzaram a mortal fronteira.
Eduardo Dinis Henriques
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